top of page
Buscar
  • Foto do escritorLuiza Marques

Do Universo do Baile

Reportagem sobre a instalação interativa realizada no Museu de Arte Moderna


Uma das obras presentes na exposição Museu Dançante, do Museu de Arte Moderna de São Paulo, era a vídeo instalação “Do Universo do Baile” (2008), obra de Mauricio Dias e Walter Riedweg. Essa instalação é composta por 550 balanças forradas de vinil adesivo nas cores verde e amarelo e três vídeos: um no qual um travesti semianalfabeto tenta ler a Constituição de 1988, outro em que aparece a bandeira brasileira inerte sob uma hélice em movimento, e por último, um vídeo no qual vemos uma batalha de dança num baile funk.


Era permitido que o público andasse sobre as balanças, as quais estavam desreguladas. A proposta era que o visitante visse o quanto “vale” para sua pátria, segundo os artistas.


No primeiro vídeo era visto um travesti banguela, negro, pobre e semianalfabeto lendo as garantias de direitos e igualdades da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, isto é, aquilo que é de direito para todos os brasileiros. Porém é uma pequena parte da sociedade que realmente tem acesso à tais direitos. A personagem do livro é excluída pela própria sociedade, logo, não tem acesso aos direitos da Constituição.


O segundo vídeo era da bandeira brasileira sem movimento sob uma hélice de um ventilador, a qual estava em movimento constante.


E no último vídeo, é apresentado ao visitante cenas de um baile funk, no qual aqueles que estão dançando ao som do hino nacional na versão de batidas do funk carioca se enfrentam no que seria uma batalha de dança. É possível ver chutes e pessoas se puxando e se empurrando, como se fosse uma verdadeira briga.


Os três vídeos representam símbolos nacionais que são confrontados perante sua ineficácia, isto é, a falta de igualdade e de direitos garantidos ao povo brasileiro por parte de seus governantes. Ao entrar em contato com os vídeos apresentados, o público da instalação enxerga a realidade brasileira vivida por aqueles que têm menos e são esquecidos pela camada superior da sociedade.


Os artistas Dias e Riedweg quiseram colocar a favela do morro Dona Marta como reencenação dos rituais canibalísticos dos tupinambás ao mostrar ao público a analogia de corpos de diversas formas e cores se sacudindo e balançando no ritmo de uma das mais populares formas de expressão musical brasileira como se fossem os próprios índios em seus rituais.


Pode-se dizer que com a vídeo instalação Do Universo do Baile vemos um Brasil de desigualdades, exclusão social e imobilidade perante ao que está errado na sociedade brasileira. Ambos artistas tiveram como objetivo mostrar o lado erótico da Constituição e da pátria, ou seja, o lado que gera a subjetividade.


Matéria para a aula de História da Arte (2015).

bottom of page